segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

VIVÊNCIA COMUNICACIONAL

"O terceiro momento do processo metapórico é o do assentamento e o da transcrição. O pesquisador tem que repassar aquilo que vivenciou, os elementos que identificou, a apreensão de um Acontecimento, de um plano de imanência, da constituição de um sentido para o relato investigativo. Essa “passada” pode ocorrer de duas maneiras: como efetuação e como contra-efetuação, conforme o Cap. 10j. No primeiro caso, ele relata “a superfície física em que se dão as ocorrências, os sintomas” (Deleuze); no segundo, superfície metafísica, elas são vinculadas ao acontecimento. Num, o estudioso registra fatos em seu ocorrer fenomênico, “efetua-os”. Vimos isso atrás, no caso do jornalismo. Mas no outro caso já há uma mudança qualitativa considerável. Quando descreve seus personagens, Proust começa pela descrição pura e simples mas vai caminhando; progressivamente, ele abaixa as máscaras deles, promovendo a revelação lenta. É o momento da contra-efetuação. O objetivo da pesquisa é a apresentação de um fenômeno que transcenda as singularidades e que alcance o “acontecimento puro”. "O grande desafio desta maneira de se pesquisar é a capacidade narrativa do estudioso, sua habilidade em transportar para o registro não apenas o acontecimento como também tudo que o envolveu, material e imaterialmente, tentando repassar para o leitor a força, o ânimo, a vitalidade, em suma, a vida do evento comunicacional. A grande inovação é a inclusão da dinâmica no procedimento de pesquisa, fazendo com que a atividade do estudioso torne-se ágil, pontual, sincrônica com o acontecimento, gerando com isso uma destreza de pensamento, sempre se renovando. A grande novidade é que depois de várias décadas de “cultura comunicacional”, o pensamento se dedica, talvez pela primeira vez, ao estudo da comunicação stricto sensu."

Nenhum comentário:

Postar um comentário